terça-feira, 17 de agosto de 2010

aleatórias, mito e chuva

lembra aquelas cenas de novela do manoel carlos com a empregada lavando roupa ouvindo no rádio fm a música do momento? então, nesta tarde eu estava olhando esta cena. pior, olhando de dentro. você entendeu, era eu na cena lavando calças jeans e ouvindo daniel falando "amiga não faz amor".

neste momento um sentimento me tomou. uma raiva indescritível, uma vontade de gritar para o mundo e dizer: como assim amigo não faz amor? esse tal de daniel é grande filho da puta! antes, tudo era muito simples: a gente chegava, fazia e depois jogava a velha conversa velha: ei, somos só amigos viu? pronto, nada de encosto, de pegança no pé, nada.

imagina agora, com a proliferação da 'nova verdade', as pegajosas se agarrarão a isso para acharem-se no direito de reivindicar alguma coisa. agora, você vai beijar, apalpar, tirar a roupa, sua e dela, e quando a coisa estiver esquentando..."você me ama? não? ah, pois amigo não faz amor!"

nessas horas, o melhor é um bom cigarro devastador de estômagos, misturado com café com leite. assim, a tosse e a gastrite fazem você esquecer do sexo sem compromisso.

domingo, 8 de agosto de 2010

aleatórias, mito e chuva

ela voltou. não como a musa da canção odair-joseriana. voltou igual e não vai tirar você desse lugar, nem vai levar você para ficar comigo e me interessa o que os outros vão pensar. a coluna semanal retorna com ácido, sem medo, menos leitores (se há algum, grite!), mais soco no estômago. prepare-se.

ando lendo reinaldo azevedo. quer um segredo maior? não consigo parar. o cara simplesmente manda muito bem na maldita letra. vírgulas lindamente bem colocadas, palavras precisas. filho da puta facista é bom, melhor que 10 entre 10 esquerdistas juvenis, eu incluso.

não vejo ninguém melhor na internet, nos blogs e "enfins". trabalha bem os argumentos, brinca com as palavras como de maneira assustadoramente precisa. não compreendo como ficou tanto tempo lambendo sabão, mendigando quando a revista direitosa na qual era um dos sócios fechou.

lembro do primeiro texto da revista-esquerdista-juvenil caros amigos. era sobre o senhor azevedo. josé arbex júnior não entendia como o cara desempregado, neste caso azevedo, defendia o sistema causador do tal efeito.

o texto era bom, como 9 em cada 10 escritos pelo cara-de-pinguim (quem já viu arbex sabe, ele tem cara de ave). viu? 9 em cada 9, 10 em cada 10... exatamente, o senhor fascistinha escreve melhor.

escrevo isso por um único motivo óbvio: vá para o diabo quem adora o dia dos pais. se adora porque é pai, é um safado oportunista ou um burro sem noção. o primeiro provavelmente ganhou presente às custas do trabalho alheio, deixou em falta e à mostra algo já sabendo "o bom coração do meu filho vai recolocar". o segundo paga para terceiros lhe presentiarem. como assim? porque cargas d'água eu daria dinheiro par aarriscar receber um presente horrível? eu mesmo posso comprara a porra do presente.

claro, há ainda os amantes do "sentimento-retorno". nesse belo dia de arco-iris e borboletas azuis as pessoas se amam mais, pensam mais em seus pais e em como eles são importantes, escrevem-lhe prosas e poesias mil, choram copiosamente a falta deste. esses ainda são aceitáveis, já fazem isso rotineiramente, apenas afloram isso na tal data sem sentido.

claro, nada se compara a última categoria. os hipócritas. se faz algum sentido a tal data é para esse nicho de mercado. esses são os melhores. conhecidos pela ausência nos outros 364 dias do ano se explicam e respaldam pela vida corrida, falta de tempo da modernidade, ou, como prefiro eu e alguns ex-leitores, da pós-modernidade.

assim dormem tranquilos. provavelmente torcem para a morte do progenitor ser no segundo domingo de agosto, assim, não precisaria dar-lhe atenção duas vezes ao ano.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

domingo, 23 de maio de 2010

inter



precisa mais?

mangá

Tite Kubo é o criador desta imagem. Um homem que só fuma no aniversário de morte de sua esposa

quarta-feira, 5 de maio de 2010

versos soltos

dois em um, andrógeno, homem-mulher, itália-grécia....

somos dois

que se somam, completam, multiplicam

nos amamos

sem inocência, sendo inocentes

não somos um, nem nunca seremos

ainda bem

terça-feira, 4 de maio de 2010

aleatórias, mito e chuva

nos episódios anteriores....



"homero é pós-moderno"



"fiquei com a impressão de que você era pós-sexual e pós-metro, ou seria pós-metrossexual?"



"homero é pós-moderno"



"amor hejgigiuaguwaso (traduzindo: um monte de coisas "meiguinhas" e "bonitinhas"), você me causa tensão"



"uh! pós-moderno!, uh! pós-moderno!, uh! pós-moderno!"



"(voz de choro) você matou a gramática! você matou!"



um enorme fone de ouvido me faz não ouvir a tv. estou com as mãos suandas (não não estava fazendo o que você pensou, seu pervertido!), o meu time acabou de jogar e garantir mais um ataque em massa da minha gastrite (bem que poderia ser uma ataque em massa na minha gastrite, tipo duzentos mini-homens bomba explodindo a gastrite. pensando bem, se esses mini-homens bomba explodissem, eu poderia explodir junto, ou pior, meu estômago poderia doer mais que agora. melhor assim mesmo, deixa eu pegar mais café e começar a enguiar (calma dona sonia, não precisa chamar o anjo (seria o anjo rafael, o gabriel? a pergunta não quer calar: qual anjo chama dona sonia?) pra comentar 'ai anjo, olha como o homero escreve mal', fique tranquila, enguiar existe, faz parte do dialeto alagoano, significa náusesas, engulhar).



pronto, café mais enguio fazem meu momento de introspecção mais feliz, o que não torna o momento brilhante.
(alguns dias depois)
sinceridade? faltou inspiração (por falar em inspiração, lembrei daquela música do grande louro santos (não sabe quem é louro santos? aquele que canta menos que o filho? quem é o filho? também não conhece? sério? tu não conhece o grande vitor santos? quer dizer, grande não, é um moleque de uns dez anos que, ao invés de estar dormindo, faz shows durante as madrugadas por esse nordestão de deus. exatamente, o garoto não deve estuadar né? porque, assim, até onde eu saiba, menores de, sei lá, onze anos, estudam pela manhã certo? como esse garoto, loiro, olhos claros, cabelos longos (não estou sendo gay. nem pedófilo. apenas descrevendo o belo garoto, tanto no pessoal, quanto no profissional) faz shows durante a madrugada! como assim?! claro que ele não levanta cedo né? vai ser um burrão! vitor meu filho (quer dizer, filho do louro), para de ir na onde do teu pai! ele só quer aproveitar que não canta nada e você é um garotinho, bonitinho, um fofinho, um... enfim, quer aproveitar isso tudo para lucrar com tu! vai estudar!)).
(pobre vitor). sim, voltando a música, eu estava pensando nela, aquela: (som de flauta) "inspiração dos meus sonhos/ não quero acordar/ quero ficar só contigo /não vou querer voar". vou parar por aqui. puta merda! deixa ver se entendi: o "espertão" quer ficar ali, deitadão, dormindo pro resto da vida. pior, ainda quer que a otária ("a" no sentido de pessoa, já que não sabemos se estamos falando de um homem ou mulher, nem da opção sexual. na verdade, a pessoa em questão pode estar se referindo a um objeto né? sendo assim, a minha continuação da frase perde todo o sentido! ah! foda-se!) fique lá também, acompanhando aqule delírio! quem seria idioto o suficiente para passar mais de uma noite com uma babaca dessas? babaca e preguiçosa!
pior! o "coitadinho" tem medo de avião: "ai amor, tá tão bom aqui. vou deixar essa viagem pra los angeles pra lá. eu tenho medo de voar sabe? você viu aquele série? isso, com um monte de gente perdida? o avião caiu, morreu quase todo mundo, só restam cinco agora (assite lost e quer saber quem ainda tá vivo?)! ai amor, tá tão bom aqui...".
foi isso, total falta de inspiração. escrever com a cabeça cheia e um olho tremendo não é tão fácil quanto se imagina (quem imagina alguém escrevendo e o olho tremendo?), escrever com a obrigação de achar engraçado também não é fácil (oi? primeiro, quem lê essa porra? segundo, engraçado pra quem? terceiro,...então, não tem terceiro). o massa foi lembrar qual a idéia que me fez começar isso aqui, extamente, porra nenhuma (ou pós-alguma-coisa, como dizem nosso intelectuais (das sombrars dos reis) barbudos)! é deixar a mente livre e tentar acompanhar com os dedos no teclado aquele pensamento (esse não, seu pervertido, aquele! isso! esse ai!).

terça-feira, 27 de abril de 2010

aletórias, mito e chuva

nos episódios anteriores...

"homero virou pós-moderno"
"não entendi nada, mas achei engraçado"
"não fale mal da minha avó"
"você é o assassino da gramática"

tirando o ar de rancor da terceira frase, todos tem razão. eu sou pós. não apenas moderno. sou metro e sexual, sou descolado e recolado com super bonder (aquela que segura um carro mais um homofóbico com apenas três gotinhas), sou cult e tenho, todos os dias, muitos flash aesthesis (não sabe o que é? então você ainda é pré! (até rimou! é com pré!)).
sou pós-moderno principalmente porque acho a palavra, como diria a hebe, uma gracinha. olha ai, palavra composta, ou seja, agora, além de nomes adjetivados (homérico e dionisíaco) também sou uma palavra composta. diga ai?!
mas, tenho que manter a sinceridade. não tenho idéia de como ser pós-moderno de fato, feto, foto e furto. na verdade, nem aqueles caras lá, aqueles das palavras complicadas, aqueles cuja única coisa entendível é exatamente porra nenhuma, exatamenet aqueles que adoramos, nem esses, ou melhor, aqueles sabem porra que porra é essa.
pensando bem, não quero ser pós-moderno não. é como ser pré-socrático (imagina, os caras são tão importantes, mas tão importantes que são lembrados pelo nome de seu sucessor! que porra é essa? que bosta velho!).
eu não quero ser pós. também não quero ser pré. tudo o que quero é escrever algo engraçado, deixando o sentido para os mais atentos e me satisfazendo com a risada dos sobreviventes. a gramática já morreu assim como vários outros tipos de grama.
é complicado pensar, refletir e escrever sobre "aquilo", "aquele", enfim, a profundidade do "um mano" (humano na gíria periférica, algo absorvido nos meus estudos antropológicos pós-super-modernos), sem conseguir discórdia. a inveja é um triste fim para aqueles que adorariam uma barba rala como a minha.
*peço desculpas aos leitores (se é que haverá algum, já que não divulgarei) pela ausência de profundidade, além da ausência de um tema para além dos comentários. acontece que perdi um parente importante no último domingo. é complicado fazer alguem dar risada quando você não consegue mostrar os dentes.

terça-feira, 20 de abril de 2010

é isso!



quer entender o que acontece com o são paulo?









domingo, 18 de abril de 2010

aleatórias, mito e chuva

nos episódios anteriores...
"nossa anjo, homero escreve muito mal!" (mal ou mau? ah! pouco importa, eu escrevo mal mesmo, não é dona sonia?).
"o título está confuso"
"eu não sei do que você estava falando, mas ri muito"
"kkkkkkkkkkkkkkkkkkk"
uma galera ainda não entendeu o objetivo da presepada aqui (uma galera? três almas é "toda" a repercussão que esta "mierda" teve. eu achando que iria dominar o mundo com meus textos incríveis, não é dona sonia?).
antes de chegarmos ao tema central desta manifestação homérica (certidão de nascimento: hoje em dia, grátis; batizado: depende da igreja; ter um nome que pode ser adjetivado: não tem preço!), gostaria de relembrar: fazer sentido é para os fracos. os "grandes pensadores" escrevem, escreveram e escreverão coisas sem sentido, mesmo assim uma galera, inclusive eu, fica tentando entender o que eles dizem. meu irmão! eu também posso!
voltando, mesmo sem ter ido, o assunto aqui, hoje, é aniversário. bolo, velinha, balões, refrigerante, buffet com todas aquelas comidas e bebidas, sem falar nos seguranças e recepcionistas (êpa! nem tanto né? primeiro porque não é uma novela do manoel carlos, segundo... bem, não tem segundo, é só por isso mesmo).
bons tempos aqueles, mas olhando bem, agora é tudo mais simples. antigamente, você perdia um tempo precioso da sua vida gastando com cartão de aniversário, pior, como você tem vergonha na cara, não ia chegar na casa dos outros só com o cartão. imagina o tal aniversariante pentelho perguntando: "e o presente?", ou então fazendo aquela cara de "puta que pariu cara pão-duro".
agora é só mandar um daqueles cartões pelo orkut. assim, você mata vários coelhos (por falar em coelho, você viu a cacau (ah! você não sabe quem é a cacau? sei...) na capa da playboy em uma tentativa frustada de fazer a relação cacau-chocolate-coelho?) com um único tiro só (eu escolhi tiro porque não sei se é cajadada, machadada ou caixa d'água, como diria dona sonia "anjo, homero escreve mal". ai esse meu fardo).
voltando aos coelhos, o tal do orkut permite não só entregar o cartão, e somente o cartão, como irrita o aniversariante de várias formas. quer um exemplo: aqueles cartões-monstro de mensagem, aqueles que demoram duzentos milhões anos para carregar e no fim aparece algo cmom "você ficou cego porque doou seus olhos para 'a mulher da sua vida' e depois que ela te enxergou prefere ser 'a mulher da tua morte'? então acredite em deus!" como assim? a lição deveria ser: se alguma cega vier de conversinha dizendo que "ai, eu não enxergo, ai eu queria tanto ver o mundo, blá blá, blá", fale: "tá achando que tem otário aqui é? acha que porque eu enchergo eu vou ficar com peninha (o sentimento, não o cantor-compositor-brega, aquele lembra? "quando a gente é claro que a gente cuida", na voz de caetano veloso? não lembrou? ô derrota! a música, não você) e cair nessa ladainha é? vai tomar no..." entendeu?
se essas mensagens irritam, imagina então se você pode mandá-las no dia do naiversário daquele teu amigo-nem-tão-amigo? o cara vai ficar puto e você nem precisa olhar na cara dele, o ato de imaginar a intensidade da "putificação" é a melhor parte.
sem falar que você pode pertubá-lo em todas as novas tecnologias (ui!). é mesagem no celular, email, twitter, e sabe-se mais lá quantas outras serão inventadas enquanto escrevo, leio, reescrevo (reescrevo? por que? "anjo, homero escreve muito mal", reescrever seria só piorar as coisas, não é dona sonia?), pobre-coitado-aniversariante!
as velinhas, os balões, a lavanda (aquele perfume, o mais barato da avon que ganhei da minha tia mão de vaca), o refirgerante em garrafas de vidro, a minha mãe e aquelas velhas rezando um terço infinito enquanto eu morria de vontade de assistir o jaspion....
ps: dona sonia é avó da autora do título. a frase em questão foi dita após a leitura, precedida de uma breve reflexão, do post memórias de um recém-casado, encontardo aqui neste blog. para ler tal e só, como diria o parangolé, descer até embaixo.

sábado, 10 de abril de 2010

aleatórias, mito e chuva

"nossa, ficou feio! bota mito, chuva e aleatória". foi assim que a autora do nome da nova presepada do blog reagiu quando viu o nome na tela. deixemos a síndrome de "eu mando" pra lá e falemos sobre o motivo, razão ou circunstância deste espaço (que se pretende semanal, mais especificamente das madrugadas de sábado para domingo, exatamente entre o altas horas e o desenho que passa depois, como é mesmo nome? ah! deixa vai).

o motivo é exatamente a razão da circunstãncia, ou seja, porra nenhuma. exatamente, foda-se. aqui, mais do que nunca, falarei aquilo que bem interessa, ou não. erros gramaticais serão perdoados, análises superfifiais toleradas e o bom humor muito bem vindo (pera, benvindo é junto ou separado? Ah! foda-se!)

sem mais, eu hoje vi o programa do marcos mion, eu provavelmente (e quem me conhece sabe que mudo, esqueço, deixo pra lá, muita coisa) não fale muito de televisão aqui não, mas, desta vez, acho que nada é mais oportuno para abrir este espaço.

voltando, o tal mion estreou seu programa, seu mesmo, o cara é praticamente o bispo macedo do legendários (sim, legendários é o nome do programa e como não pretendo perder meu tempo olhando se os legendários foram algum tipo de templários sem fama, sem pense que vou explicar o motivo, razão ou circunstância do nome). então, eu passei a semana esperando o tal programa, não porque acreditasse que a revolução seria televisionada, nada disso (pobre chaves (pobre o caralho! o cara além de pegar a dona florinda na vida real ainda é o dono do país das miss! (qual o coletivo de miss? seria barbies?))).

eu sei, eu sei, o programa né? pois então, o motivo da minha bunda ter ficado mais de uma hora na frente daquela japonesa (a televisão, não a sabrina sato, que aliás tem uuma sósia no tal programa) foi a expectativa para ver os ex-hermes e renato. certo, não vou mentir, o joão gordo também era algo, no mínimo, diferente.

sem falar em ver dois caras (um cara e uma cara) do stand-up (esse povo parece que esta sendo fabricado em padrão industrial) e mais dois ex-mê-tê-vê (como diria caetano zeloso, quer dizer, veloso).

mesmo com tudo isso, era o massacreation que me interessava, os caras do "puta que o pariu hermes!" ou do "joselito sem noção", aqueles que mandavam ver no palavrão, nos palavrões, bem nos, porque eram muitos, digo a você, muitos.

sinceramente eles não me agradaram, tudo bem que o espaço era pequeno, apenas um esquete, mas, mesmo assim, sei lá, é isso, sei lá...

domingo, 4 de abril de 2010

memórias de um recém-casado V

clima de quero mais, gosto de quero mais, jeito de quero mais, tudo de quero mais...

o episódio final da maior saga da humanidade, para ser humilde, chega num clima nostálgico, foi tudo tão grande, emoções vividas com tanta intensidade que, às vezes, mas só bem às vezes, até bae aquele vontade de fazer tudo de novo. do mesmo jeito? não sei, acho que mudaria algumas coisas.

uma delas seria confiar menos na relação que você constroe com as pessoas, nunca depositar certeza na ação dos outros, sempre manter aquele dedo de desconfiança.

outra coisa? deixa eu ver... ah! eu daria mais valor aqueles que deixaram o carnaval de lado para me abraçar apertado, com olhos marejados, sorriso amarelo no rosto, mesmo aqueles que fizeram isso com um pouco de ressentimento, mesmo esses, eu teria agradecido de joelhos.

eu também teria participado mais do processo de construção de tudo, sei lá, acho que fiquei devendo e isso refletiu na não-participação, como achávamos, em massa. eu provavelmente me arrependo de muito mais coisas, só não lembro, na verdade não deveria nem lembrar dessas ai, porque a gente nunca sabe o que iria acontecer, e tenho certeza, não seria histórico!

sim, o segundo casamento, aquele que alguns teóricos denominam como "o dos costumes" eu prefiro chamar de "o da fartura".

mas, antes...


na véspera do casamento alguém foi morto, alguéns na verdade, mortas para ser mais exato. e, pasmem, nem a morte conseguiu tirar a alegria do momento, para ser bem sincero, essas mortes trouxeram mais alegria.

estranho? é que eu estou falando dela, da vaca, tão famosa em outros textos por ai, ela que morreu para nos salvar, assim como as mais de dez galinhas, todos morrerm em nome de um bem maior, se forem muçulmanas extremistas, com certeza estaram desfrutando de bois e galos virgens no céu de alá.

ainda na véspera, a última prova, a de fogo, de reconhecimento das família. logo após a chegada dos accioly's, coube a este que vos fala a iniciativa de juntar os patriarcas.

em um encontro digno de pelé e garrincha ou platão e aristóteles, josé e vicente travaram uma das conversas mais impressionantes que se te notícia. o conteúdo? eu não sei, infelizmente, um fenômeno estranho aconteceu: enquanto a conversa entre os dois mentores intelectuais das fámílias em questão, juntamente com suas respectivas esposas, se alongava, os mais jovens se dirigiram à cozinha. o resultado, como bem constatou seu josé, no começo todo mundo junto, depois ficam só os velhos...

o dia chegou, e chegou bem cedo. antes das cinco da manhã já tinhamos um batalhão de mulheres comprometidas com os mortos. enquanto isso, o narrador aqui foi limpar a cuca. onde? no salão do dé, raspei a cabeça, limpei mesmo. depois, para terminar o serviço, tomei algumas cervejas no bar do meu compadre evandro e acompanhado de mais alguns amigos.

tudo o que veio depois foi a mistura de costume e fartura. como de costume, todas as mulheres enloquecendo a si e aos outros, como de costume o improviso tomou conta da cerimônia (a música que iria tocar era uma e virou outra, minha irmã, a responsável pelo "arrumamento" da noiva estava correndo atrás do bolo (e, digo a você, como esse bolo corria, pareceia até jamaicano), padrinhos chegaram em cima da hora, enfim...).

a fartura? meu irmão! muita cerveja, digo a você, ,muita carne, até se todo mundo fosse, mesmo assim sobraria. falo de "todo mundo fosse" porque na nossa conta muita gente não foi, vi minha mãe triste porque achou que iria parar olho d'água, vi meu pai com cara meio pra baixo porque queria mostrar seu "poderio", vi a igreja vazia quando a cerimônia começou, não foi como eu imaginei, eu posso até pensar nos motivos, sei lá, talvez por mais que eu queira eles não me achem mais um saca? talvez um distanciamento tenha rolado e eu nem tenha notado, não sei. Só sei que não foi justo com meu pai, não foi justo com mamãe, não adianta, por mais que tente, não foi perfeito, mas foi melhor assim, serviu para refletir sobre a minha relação com aquilo que chamava de meu lugar, pensar melhor sobre quais são, realmente, os amigos que deixei na capital, enfim, foi bom, aprendizado...

e o casamento acabou, lá pra meia noite. durante o período que passamos no interior "pos-casorium" ainda deu tempo de ficar bronzeado no velho chico e de pular no melhor carnaval do mundo, o de olho d'água...


fim

sexta-feira, 26 de março de 2010

memórias de um recém-casado IV

(nos episódios anteriores de memórias de um recém-casado)...
"homero vai buscar uma (não sei o que era, só sabia que eu irria buscar) pra mim?"
"você só pode dormir com ela depois do religioso, mas você não se importa né?"
"sai do quarto (no dia que tinhamos acabado de casar, e no religioso, e apenas estavamos conversando), meu avô chegou!"
"ei 'muleque', eu vou atrás daquelas 'mina' queridão!"
"eu queria tanto encontrar um presente pra naline, mas com o que ganho e com o preço das coisas..."
ainda era dia seis de fevereiro, o casamento mais importante da história da humanidade tinha acabado, mas não tudo o que o cercava. ainda era seis de fevereiro quando seu josé (o avô-pai-botafoguense) fez a mais linda demonstração-surpresa de amor, de convicção do amor na verdade, que já se teve notícia. 'e o taj mahal?', alguém terá a ousadia de perguntar. ora meu caro perguntador, esclareço que o príncipe shah jahan possuia um belo punhado de esposas, enquanto meu nobre herói dedicou sua vida a amar apenas sua sonia, dona sonia (acho que a música de benjor deveria ser alterada, é só um comentário).
voltando a demonstração-convicção de amor, seu josé, "simplesmente", deu um anel, um anel de esmeralda para sua amada, aproveitando o dia de seu aniversário. lógico que a cena roubou um belo bocado da atenção que estava sendo dada ao meu brinco (que, modéstia a parte, roubava a cena até aquele momento), mesmo assim não tive como não reverenciar aquele momento...
corta a cena, tomada três, gravando! é noite, ainda seis de fevereiro e o vestido verde de minha esposa toma todo meu olhar...
como em todos os momentos de questra vida, uma caravana, com meu pai, a mãe dela e um tio, nos levou à lua-de-mel. depois de errarmos o lugar e darmos de frente com o maior bloco de prévia de carnaval do brasil (o muriçocas de miramar), finalmente encontramos o hotel, e que hotel, oxalá tia graça!
o hotel, seu pimbolim, sua tv e o filme carros, a vista da praia de cabo branco, o café da manhã, a cama e principalmente a companhia fizeram daquele momento algo raro, esta é a palavra apropriada, raro!
claro, nada nessa hsitória poderia ser normal, assim, o que de mais estranho poderia acontecer? que tal mãe e irmão da esposa "conhecerem" o quarto da noite de núpcias? ou quem sabe passar os dois dias de lua de mel com a família da noiva?
lua de mel com a família... depois? preparativos para outro casamento!
viajamos para alagoas em um ônibus que parecia um avião, com raça negra ao fundo (não, não estou sendo racista com as pessoas que estavam nas cadeiras posteriores às nossas, falo da banda de pagode). chegamos ao meu lugar e um caos tova conta do lugar.
meu pai organizava as bebidas, e bebia um pouco também. minha mãe pirava fazendo os salgadinhos, pirava pensando na cerimônia, pirava no trato com as galinhas, pirava com minha irmã, pirava com meu pai, pirava...
(no próximo e último episódio, o outro casamento, drama, ação, suspense, não perca o season finale!)

quinta-feira, 25 de março de 2010

uma ilha, uma rolha

algumas imagens são simplesmente fantásticas. esta é uma homenagem à serie americana lost. resume de maneira peculiar o que signnifica a tal ilha.



simplesmente maravilhoso, deliciem-se

terça-feira, 23 de março de 2010

o cheiro ruim

eles impestam meu ambiente
aparecem nos momentos mais importunos
não atendem ao meu desejo e continuam
minha última esperança é que eles desaparecam
algum dia
talvez em outro lugar
mas às vezes
parace impossível

sábado, 20 de março de 2010

memórias de um recém-casado III

tranquilamente minha tarefa ficou bem mais difícil. minha esposa escreveu suas "memórias" e arrebatou todos os corações, mentes e lágrimas imagináveis. como diria aquele homônimo de cantor: o que fazer? meu último desafio é contar uma estória com a distância que o tempo já fez, já que mais de um mês se passou.

vamos lá, era dia seis de fevereiro, um sábado que mudaria para sempre uma das cerimônias mais importantes da cultura ocidental cristã. talvez não hoje, nem neste século que acabou de nascer, talvez nunca, talvez, quem sabe... mas eu tenho a certeza, a convicção daqueles que sabem que estão fazendo a história, mudando-a para sempre, a certeza de que aquele casamento, modestiamente o meu casamento, foi o melhor, mais lindo, mais, mais, de todos os tempos que se tem notícia, informação, nota ou matéria.

a primeira responsável para que este acontecimento acontecesse (percebeu como meu vocabulário é divino?) foi, desculpa a falta de modéstia, a minha mãe... pera, não, não, foi o meu pai, sim pois foi ele que pagou a passagem da minha mãe para João Pessoa. ah não!, desculpa gente, a primeira responsável foi o lula que aumentou o salário minímo e que nunca na história deste país... putz! o que lula tem com o casamento?!

eu nem lembro mais do que eu estava falando. espera um minuto, deixa eu ver...é...ah! a maior responsável pelo acontecimento, sim, sim, claro. putz! essa é fácil!, claro que foi a minha linda, absoluta, este....esposa, eu quis dizer esposa, débora para ser mais específico.

ela simplesmente pensou em tudo, claro que para ela não foi muito dificil, dormindo como ela dorme, sonhar com aquelas maravilhs de pétalas de várias cores, combinando com o vestido das damas, um bolo fantástico, um vestido de noiva simplesmente... pera, deixa eu limpar a baba que caiu aqui.

enquanto ela dormia e imaginava um mundo fantástico, parecido com os filmes em animação que ela adora, alguém tinha que pegar no batente. eu é que não seria esta pessoa, eu fiquei só observando tudo, de maneira, digamos, alheia (só não digo alienada porque estou falando de mim mesmo in my self).

foi assim que dona sonia, a super vovó (que por sinal deve, até hoje, acreditar que este moço aqui escreverá um texo descente sobre o casamento (pobre dona sonia, ainda bem que ela tem o belíssimo texto de débora (acho que já falei sobre isso antes) para se deliciar)) com a ajuda de sua fiel escudeira (a ana) fizeram.

era o dia seis de fevereiro e eu estava tirando a barba, tranquilamente uma das maiores burrices não recomendadas a noivos. imagina se acontecesse um corte no meu lindo rosto? o casamento seria uma bosta, ou não, já que o noivo aqui era apenas um (ho)mero detalhe na ordem hierarquica que possuia, obvio, a noiva no topo da pirâmide, seu josé (o avô-pai-botafogo) logo depois e ai sim, eu, o noivo.

claro que um casal que não dormiu junto depois de casado (sim, casei barbudo no civil, mas só dormi com minha esposa depois do casamento religioso, três noites depois) não teria o menor problema em ver a noiva no dia do casamento (este o religioso, já sem barba, aquela que não recomendo que se tire no dia do casamento).

vi e revi a noiva no dia do casamento: antes de seu dia de noiva que durou a manhã inteira e, acredite se quiser, ela volta para casa, quando a revi, para, preparem os ouvidos, palavras fortes se seguirão, descansar. exatamente, ela passou o dia todo relaxando, tomando banho disso, massagem daquilo, enquanto eu fui ao centro da cidade com minha mãe e tia, e ela ainda precisa relaxar... tudo bem, ela é a noiva, eu sou apenas o terceiro na escala de importância (uó coitado! tão dramático!).

a tarde chega e junto com ela todos os dramas-comédias-romances-ação dignas dos melhores (eles existem?) filmes de casamento. tenho certeza que esquecerei muitos destes momentos, mas só quem ler este texto, se é que daqui milhões de anos, quando todos reverenciarem este momento como um dos mais importantes da história da humanidade, ainda chamarão escritos de textos, será que eles não serão chamados de chagra? quem sabe... sim, só para que quem ler esta chagra tenha uma idéia do que foi o momento, digo a você, parece mentira, se me contassem que o casamento de sabe-se lá quem foi assim eu diria "ah!, para de mentir e enche meu copo!"

para garantir as emoções de um casamento histórico, as damas (de copas, espada, paus, ouro e outra) chegaram atrasadas, tipo, a noiva chegou antes! como assim as damas chegaram depois da noiva? alguém me avisa como a noiva fica dando voltas ao redor da igreja porque as damas não chegaram? este, com certeza, não é um casamento normal.

é mentira gente. não foi porque as damas chegaram depois da noiva que o casamento atrasou. deixa eu explicar melhor: as damas realmente chegaram depois da noiva (como assim!? alguém me explica!? (acho que já disse isso antes, mas não tem como não achar essas coisas ou absurdas ou engraçadas, fico com a segunda para garantir minha pele linda, dizem que sorrir faz bem para a pele, em especial a da face sabia? não? é sério menina! eu sei, eu sei, o motivo que fez o casamento atrasar né?)).

então, o motivo foi a cantora e o tocador que também atrasaram, tipo, como assim, a noiva ficou dando voltas na igreja! como assim alguém chega depois da noiva!? eu poderia ficar muito puto com todos esses atrasos, eu fiquei na hora, mas agora, agora eu acho é engraçado, na verdade, não tem como falar mal daquela cantora e daquele tocador, eles foram maravilhosos, a mulher dá uns gritos bonitos rapaz!

todos chegaram e começa a entrada: eu com mamãe (que venceu o prêmio atriz dramática, chorou mais que atriz de novela mexicana!), papai e dona sonia (vencedora do premio coordenadora do ano. se debora era a mente, dona sonia e ana eram o corpo daquele momento), ana e sêo iê-iê (vencedora do premio conservadora. trocou o vestido super moderno de bolinhas por um cinza "super básico"), os casais de padrinhos, com destaque para léo (vencedor do prêmio de ator dramático. o cara foi tão bem que fez a galera chorar em efeito dominó!), ai entraram as damas e fizeram sua festa de cores, e por último, e muito mais importante, a noiva, linda, com suas flores por todo o vestido, fazendo jus ao apelido carinhoso.


no próximo programa o pós-pré casório...

terça-feira, 16 de março de 2010

viagem dentro de mim III

estou no banheiro da rodoviária de recife. infelizmente o rolo de papel higiênico não está aqui (justo agora que estava disposto a pagar!). estou sentado num vaso, uma porta quebrada tampou a visão dos que poderiam tentar me observar (quando digo quebrada, não é sem trinco e sim solta! completamente!). com certeza terei que tomar um banho após a utilização do vaso. umas baratinhas me acompanham nessa aventura, elas merecem ser lembradas nessa história. elas também são testemunhas da parte mais, digamos, inesperada dessa viagem até agora.
neste banheiro temos uma frase, uma única. é comum olharmos frases em banheiros masculinos, normalmente exaltam times de futebol, possuem conteúdo erótico ou são frases religiosas. essa se encaixa na última alternativa. sem dúvida é uma frase religiosa. o que chama a atenção é a maneira como a mesma estádisposta no azuleijo do banheiro. vou reproduzir:

o meu salva
dor e
jesus
levando-se em conta o limite no canto da parede, pode-se entender o que o fiel quis dizer: "o meu salvador é jesus". porém, sua mensagem pode ser facilmente distorcida graças a riqueza da língua portuguesa-brasileira, a falta de pontuação e a divisão do que seria a palavra 'salvador' pode atribuir a mesma diversos significados.

viagem dentro de mim parteII

cheguei em recife, achei que eram nove horas. que nada! ainda eram sete e meia! messmo assim, perdi o último ônibus para joão pessoa. não que isso tenha me frustrado, eu já imaginava. por um lado foi bom! relembrei poliana e vi o lado bom da história.
na rodoviária vi um garoto. ele era magro, usava um boné e uma camisa da seleção brasileira, porém, eram outros os acessórios que me chamavam atenção: um carrinho vermelho, segurado por uma cordinha que o menino tentava amarrar em sua muleta direita. isso mesmo! um menino sem sua perna direita usava um par de muletas para se locomover e estava fazendo o que há de mais incrível nas crianças: estava brincando com seu caminhão, de boleia vermelha e carroceria verde (pude repara melhor na carroceria agora), dando voltas em torno de um grupo de cadeiras, como qualquer criança, ele é uma criança como qualquer outra, não sei das suas necessidades nem de seus sonhos, mas tenho certeza, ele sonha!

quinta-feira, 4 de março de 2010

memórias de um recém-casado II

se einstein estivesse convivendo com os vivos e se o capitão nascimento não fosse um personagem de ficção, o segundo diria que o primeiro é um fanfarrão! o príncipio da exclusão, defendido pelo físico pop eintein, criado pelo físico austriaco wolfgang ernest pauli, quase foi negado durante o "aquecimento" do casamento presbiteriano-pessoense.
eram mais de trinta pessoas, espalhadas com seus colchões, camas, colchonetes e similares. o espaço dividido pelo povão era ínfimo, corpos jogados, uns por cima dos outros, alguns tentando dormir, outros tentando fazer qualquer outra coisa.
a estadia não foi tão ruim, o esforço de dona sônia e ana era grande para garantir o conforto dos visitantes. a comida, por exemplo, era em quantidade industrial. mas nem só de pouco espaço e muita gente se viveu, também houveram os momentos de tensão. minha família jé estava na capital paraibana, tivemos alguns momentos de boas conversas, como na saída em que minha mãe confidenciou-me a tristeza de não ter saído de casa, em uma noite em que apenas ela e minha tia ficaram em casa, no único momento em que o espaço era maior que o número de pessoas.
curiosidades também não faltaram: no dia anterior ao casamento, o vestido ainda não estava pronto, foi necessário um mutirão para deixar o vestido no gosto da noiva e ainda torcer para que a chuva não estragasse o sonho perfeito.
as escapadas durante as noites, momentos em que seu josé e dona sônia descansavam, também foram bem pitorescos. uma das saídas não foi qualquer saída, nem o lugar não era qualquer lugar. juntamos mais de vinte desses convidados e levamos para, nada mais, nada menos, o bar do romário, isso, do baixinho! não, não pegamos o avião e fomos para o rio, nada disso, foi aqui mesmo, em Jaguaribe.
e por falar em craque, não poderia esquecer da conversa que tivemos, eu e flavinho, com roni e miltinho, grandes ex-jogadores do futebol paraibano, com passagem pelos grandes do estado e mais bahia, sport de recife, e seleção brasileira, sim, o grande roni foi jogador, segundo o próprio, claro, da seleção, deixando dinamite no banco!
foram dias bem engraçados, tirando o nervoso das mulheres que acabava contaminando todo mundo, foi um pré-casamento bem divertido, pitoresco como havia de ser.


no próximo episódio, o grande dia, ou um dos!

sábado, 27 de fevereiro de 2010

memórias de um recém-casado

é complicado conseguir escrever tudo o que aconteceu nestes loucos últimos dias. talvez o correto fosse escrever um diário, com as impressões diárias, ou então usado um gravador de voz e anotado cada comentário importante, engraçado ou inesquecível, talvez as fotos, e são tantas, contem mais que minhas palavras o que foi este acontecimento, mesmo assim, mesmo entrando para uma família de admiradores de imagens cristalizadas eu ainda me permito contar esta estótria apenas com o que minha mente guardou, afinal, ninguém melhor do que ela para fazer o filtro da importância.

no final do ano passado quando sentamos eu e minha esposa para decidirmos a data do casamento pensamos em algo ousado: três datas, três acontecimentos, um para os homens, outro para o deus sem santos e o terceiro para os romanos de olho d'água da cerca. a data pensada? ah! o carnaval!

e assim chegamos ao mês de fevereiro e os nervos das famílias accioly e silva não existem mais. dona sonia coordenava as ações, juntamente com ana, em joão pessoa, enquanto aliete, também conhecida como minha mãe, cuidava de tudo em no interior alagoano.

as duas primeiras cerimônias foram paraibanas e aconteceram concomitantemente com as muriçocas do miramar, simplesmente o maior bloco de prévias de carnaval do brasil. a primeira cerimônia, a civil, aconteceu sem muitos problemas, apenas "alguns" minutos de atraso e a presença em peso de nossa família, sem contar a enorme superioridade numérica em número de testemunas: enquanto outros casaia tinham míseros dois casais para comprovar aquela união, nós tinhamos mais de cinco!

depois de recebermos a certidão, e eu esquecer o "uhu" tão esperado por dona sonia e de assinar com a caneta dada por seu josé, minha mãe garantiu o show de audiência, me apertava e chorava com tamanha vontade que imaginei que perderia a coluna ali mesmo, felizmente eu continuei vivo e fomso comemorar tomando sorvete.

no próximo episódio, como colocar vinte e poucas pessoas em dois cubiculos!

sábado, 9 de janeiro de 2010

hora de dar tchau

eu estava indo para uma reunião, a segunda, talvez a terceira, nem sei mais. as lembranças são assim mesmo, se embaralham e confundem nossas mentes. eu era novo na cidade, tinha feitos uns amigos estranhos: homens barbudos ou cabeludos, mulheres com saias enormes, todos com camisetas que falavam. como foi a reunião? não me lembro, parece que iríamos discutir sobre uns russos que fizeram alguma coisa importante no século passado, sei lá. daquele dia só me lembro de três coisas: um homem de cabelos longos encaracolados, que explicava as coisas lentamente e sempre olhava nos olhos, parecia querer saber se estávamos entendendo, samuel era o nome dele; um outro cara, tadeu, usava óculos e morava no lugar onde aconteceu a reunião, o CEU, que ficava dentro da RUA.

a reunião acabou e percorremos seus corredores, parecia um labirinto, até chegar ao quarto de tadeu. nem me lembro o que fomos buscar lá, só do primeiro olhar admirado com aquele mundo todo, eu imaginava aquele lugar como a grécia, só que sem escravos. um ano inteiro passou, eu também passei, entrei na universidade, era chegada a hora de dar mais um passo rumo a liberdade e a responsabilidade, era chegada a hora de sair, de entrar, de mudar, eu já tinha deixado a minha casa, o colo da minha mãe, agora o passo era maior, estava decidido, iria morar na RUA.

entrar foi fácil, fazer cara de pobre para quem viveu na pobreza não foi problema. pronto, estava dentro, faltava me apresentar aos senhores da RUA. chegando, um senhor de óculos, com camisa amarela me recebeu. Ele falava uma língua estranha, provavelmente um dialeto já extinto. o senhor entrou e perguntou por alguém de uma tal comissão. depois me apresentou a um homem magro e enorme, atendia pelo nome de george, que me explicou como funcionava a casa e me levou para um lugar que tinha até nome, chamava-se alojamento. entrei, escolhi uma cama com um colchão empoeirado, fininho, coloquei minhas coisas no chão e deitei.

foram quatro anos e alguns meses de tantas experiências que se me atrevesse a escrevê-las você provavelmente não as leria. lembro de meus companheiros de alojamento: paulinho, reginaldo, luciano, pisa-leve, pedro, cícero e por algum tempo um hóspede quadrado. lembro do primeiro convite para ir ao hiper, da primeira vez que tomei uma, ambas experiências protagonizadas por rangel. lembro dos olhares tortos e das conversas “esse é de certeza”, do primeiro show, com wilton e wilson, não, eles não eram uma dupla sertaneja que se apresentaria no show, e a dúvida indo para o balaio. lembro da greve de 2005 e das muitas vezes que me reuni com clenio, bruno, sim este rapaz com cara de melhor genro do ano já bebeu um belo punhado, e maicon para beber ouvindo forro. lembro das reuniões da penteios no quarto do paulo e do termo esgualifar nascer e virar música. lembro do convite do rafael para ir para o seu quarto e de como ele cuidou de mim quando fiquei doente. lembro de como a torcida do são paulo era odiada pela sua capacidade de fazer raiva, pobre paca, e da volta olímpica quando ganhamos o mundial, dia 18 de dezembro de 2005, como esquecer? o dia mais feliz da minha vida eu passei nesta casa!

tranquilamente esquecerei muita coisa, é o erro de quem tenta lembrar de tudo e esquece que é impossível. provavelmente, quando o texto estiver pronto e eu for ler, eu lembrarei de muitos outros momentos, como os filmes que vi no quarto de manoel, jadson e roberto, o encontro com uma jovem, negra, magra, linda, no ônibus, com ela sentando ao meu lado e eu todo-todo, perguntando onde ela morava recebendo como resposta a RUA, da conversa de mais de nove horas com rosberg, do melhor companheiro de quarto que alguém poderia ter, do sono leve como uma pena e das vezes que acordei meu outro compa, das estórias de amor compartilhadas entre joyce e eu, da mulher-militante que com certeza dedicará sua vida para a transformação social, das madrugadas compartilhadas com marcio, dos festivais do bagre e da eterna promessa de encontrar o felipão lá, da pertinência das palavras trocadas com salomão, das séries assistidas de madrugada com diego, dado meu primeiro carnaval em olinda-recife graças a renato, também meu companheiro no meu primeiro murro no olho, de como foi divertido morar com reginaldo, filosofia e rafael, das resenhas futebolísticas, especialmente com valdemir e josias, dos irmãos mais disciplinados que conheço.

as diversas lutas que travamos como a que nos garantiu o direito de não pagar mais alimentação, o apoio a ocupação da reitoria em 2007 e o fabuloso desconvite a todos os 'baba-ovo' da reitora para a festa de natal daquele ano, como protesto contra a truculência da reitoria contra nós estudantes, o jornal da RUA que com muito esforço conseguiu sair, infelizmente sem continuidade, sem falar nas assembléias, onde aprendi que podemos sim tomar nossas próprias decisões, errar e voltar a errar, onde votar faz sentido, reuniões instigantes e que me fizeram sempre tentar melhorar minha compreensão crítica. eu não encontrei aqui a atenas que eu imaginava, encontrei muito mais. palavras como bom senso e tolerância ganham um novo significado. imagina um mundo onde todos tenham comida tres vezes ao dia, e não quer dizer que todo mundo vai fazer um pratão, não, cada um vai pegar aquilo que lhe satistaz, pensa num mundo onde as pessoas se reunem e dizem 'bem, agora presicamos de mais computadores, lençois, colchões...' percebe? se isto é possível aqui, porque não espalhar a experiência para o mundo todo?


agradeço também aqueles que sempre dão um duro para manter esta casa e nós: joana, régis e seu pobre botafogo, fernando e seu flamengo, dalmo e seu vasco. lopes, luciel e os imãos moisés e elias, as tias, especialmente tia mazé, nadja, meus amores eternos lili e roberta e minhas mães aqui, tia lili e tia silvana, além dos já citados ‘seu’ josé e felipão.

foram tantas coisas, poderia detalhar cada uma dessas situações, talvez faça isso outra hora, mas, neste momento, venho me despedir e dizer que foi uma experiência insubstituível, introcável, inigualável, e todos os outros “in” que possam deixar claro a importância desta casa na minha vida, que foi o segundo lar onde morei mais passei minhas noites, onde cresci, não só na barriga e no cabelo, mas por dentro, sinto que posso seguir agora, estou pronto para o próximo passo e foi a convivência com vocês, todos vocês que passaram pela minha vida enquanto estive nesta casa, que me fez ter esta certeza. a última palavra aqui só pode ser uma: obrigado!