domingo, 4 de abril de 2010

memórias de um recém-casado V

clima de quero mais, gosto de quero mais, jeito de quero mais, tudo de quero mais...

o episódio final da maior saga da humanidade, para ser humilde, chega num clima nostálgico, foi tudo tão grande, emoções vividas com tanta intensidade que, às vezes, mas só bem às vezes, até bae aquele vontade de fazer tudo de novo. do mesmo jeito? não sei, acho que mudaria algumas coisas.

uma delas seria confiar menos na relação que você constroe com as pessoas, nunca depositar certeza na ação dos outros, sempre manter aquele dedo de desconfiança.

outra coisa? deixa eu ver... ah! eu daria mais valor aqueles que deixaram o carnaval de lado para me abraçar apertado, com olhos marejados, sorriso amarelo no rosto, mesmo aqueles que fizeram isso com um pouco de ressentimento, mesmo esses, eu teria agradecido de joelhos.

eu também teria participado mais do processo de construção de tudo, sei lá, acho que fiquei devendo e isso refletiu na não-participação, como achávamos, em massa. eu provavelmente me arrependo de muito mais coisas, só não lembro, na verdade não deveria nem lembrar dessas ai, porque a gente nunca sabe o que iria acontecer, e tenho certeza, não seria histórico!

sim, o segundo casamento, aquele que alguns teóricos denominam como "o dos costumes" eu prefiro chamar de "o da fartura".

mas, antes...


na véspera do casamento alguém foi morto, alguéns na verdade, mortas para ser mais exato. e, pasmem, nem a morte conseguiu tirar a alegria do momento, para ser bem sincero, essas mortes trouxeram mais alegria.

estranho? é que eu estou falando dela, da vaca, tão famosa em outros textos por ai, ela que morreu para nos salvar, assim como as mais de dez galinhas, todos morrerm em nome de um bem maior, se forem muçulmanas extremistas, com certeza estaram desfrutando de bois e galos virgens no céu de alá.

ainda na véspera, a última prova, a de fogo, de reconhecimento das família. logo após a chegada dos accioly's, coube a este que vos fala a iniciativa de juntar os patriarcas.

em um encontro digno de pelé e garrincha ou platão e aristóteles, josé e vicente travaram uma das conversas mais impressionantes que se te notícia. o conteúdo? eu não sei, infelizmente, um fenômeno estranho aconteceu: enquanto a conversa entre os dois mentores intelectuais das fámílias em questão, juntamente com suas respectivas esposas, se alongava, os mais jovens se dirigiram à cozinha. o resultado, como bem constatou seu josé, no começo todo mundo junto, depois ficam só os velhos...

o dia chegou, e chegou bem cedo. antes das cinco da manhã já tinhamos um batalhão de mulheres comprometidas com os mortos. enquanto isso, o narrador aqui foi limpar a cuca. onde? no salão do dé, raspei a cabeça, limpei mesmo. depois, para terminar o serviço, tomei algumas cervejas no bar do meu compadre evandro e acompanhado de mais alguns amigos.

tudo o que veio depois foi a mistura de costume e fartura. como de costume, todas as mulheres enloquecendo a si e aos outros, como de costume o improviso tomou conta da cerimônia (a música que iria tocar era uma e virou outra, minha irmã, a responsável pelo "arrumamento" da noiva estava correndo atrás do bolo (e, digo a você, como esse bolo corria, pareceia até jamaicano), padrinhos chegaram em cima da hora, enfim...).

a fartura? meu irmão! muita cerveja, digo a você, ,muita carne, até se todo mundo fosse, mesmo assim sobraria. falo de "todo mundo fosse" porque na nossa conta muita gente não foi, vi minha mãe triste porque achou que iria parar olho d'água, vi meu pai com cara meio pra baixo porque queria mostrar seu "poderio", vi a igreja vazia quando a cerimônia começou, não foi como eu imaginei, eu posso até pensar nos motivos, sei lá, talvez por mais que eu queira eles não me achem mais um saca? talvez um distanciamento tenha rolado e eu nem tenha notado, não sei. Só sei que não foi justo com meu pai, não foi justo com mamãe, não adianta, por mais que tente, não foi perfeito, mas foi melhor assim, serviu para refletir sobre a minha relação com aquilo que chamava de meu lugar, pensar melhor sobre quais são, realmente, os amigos que deixei na capital, enfim, foi bom, aprendizado...

e o casamento acabou, lá pra meia noite. durante o período que passamos no interior "pos-casorium" ainda deu tempo de ficar bronzeado no velho chico e de pular no melhor carnaval do mundo, o de olho d'água...


fim

Um comentário:

blog's homéricos disse...

Senti a mágoa daqui. =)

A diferença entre eu e você, é que eu extravaso. Você guarda.

É, a decepção serviu para uma "eleição" de LOST. Todos tem o nome escrito... só alguns valem a pena.

Acho que foi pouco desenvolvido. Mais esse texto é seu. Eu sou só a leitora. Não vi muito de tu! Acho que tu economizou. ;p hauhauhaua
Não quer lembrar? ...

Beijos,

Te amo.